Passos firmes, movimento leves, olhar expressivo, leveza e muita concentração. Em cada passo, um sonho que aflora. As mãos que se enguem revelam a obstinação de quem sonha alto e quer ultrapassar barreiras, tendo um mundo pela frente para descobrir. A música suave embala o movimento e ajuda a formar a coreografia.
A magia do ballet clássico faz as pequenas bailarinas do Centro de Arte e Cultura da Universidade Estadual da Paraíba(UEPB) sorrirem como se estivessem interpretando um dos personagens do clássico “Lago dos Cisnes”. A suavidade da música envolve o espaço e logo todas dançam sincronizadas, sob os olhares atentos e exigentes da professora Valesca Amanda.
Sensibilidade, poesia e criatividade. Em outro espaço, a imaginação flui inexplicavelmente. Folhas de papeis brancas logo ganham vida. Basta um lápis de pintar para revelar sentimentos transpostos da mente para o papel. Os futuros pintores, como Danilo da Silva, morador do bairro da Palmeiras, criam suas telas e transformam o atelier em uma grande aquarela.
A “fábrica de sonhos” da Universidade Estadual está em pleno vapor. Os cursos são realizados por meio da Pró-Reitoria de Cultura e Arte, que tem a frente o professor José Pereira da Silva. No Centro de Arte e Cultura da UEPB, antiga Casa Brasil, crianças, jovens e adolescentes têm oportunidade de sonhar e também de transformar seus sonhos em realidade. O local funciona com espécie de fábrica, onde a única condição para entrar é ter vontade de vencer na vida.
O encanto das pequenas bailarinas, a beleza das telas produzidas em apenas uma manhã e a melodia que sai de instrumentos como violão e acordeom, mostram que a UEPB está no caminho certo e cumprindo o seu papel social de investir na educação e na cultura como instrumentos de inserção social.
O Centro funciona no antigo prédio da faculdade de Administração, na Rua Getúlio Vargas, centro de Campina Grande. De acordo com o coordenador Sérgio Simplício, mais de 500 alunos de vários bairros da cidade estão matriculados atualmente, distribuídos nas oficinas de ballet clássico, iniciação ao desenho e pintura, iniciação ao teatro, jogos teatrais para atores e não atores, técnica vocal, percussão regional, violão para iniciantes, dança de salão e iniciação ao acordeom.
Os cursos são oferecidos nos turnos manhã e tarde, das 9h às 11h e das 15h às 19h, de segunda à sexta-feira. Todas as atividades são oferecidas gratuitamente pela Universidade. Além de fornecer o material utilizado nas oficinas, a UEPB ainda garante o fardamento e o transporte das alunas das turmas de ballet.
Curso de ballet clássico tem 92 alunos matriculados - De todos os cursos em funcionamento no Centro, o mais procurado e que tem superado as expectativas é o de ballet clássico. Atualmente, 92 crianças estão matriculadas nas cinco turmas em funcionamento, que têm aulas nos períodos da manhã, tarde e noite. A diretora do Ballet da UEPB, Patrícia Lucena, conta que o curso tem como finalidade criar nas crianças o gosto pela dança, preparando-as para o futuro. Após ultrapassar todas as fases e chegar na última etapa do curso, os alunos recebem uma preparação especial para ensinar nas escolas públicas da cidade.
Ela conta que a maioria dos alunos é oriunda de famílias humildes da cidade. Por conta da dificuldade de algumas famílias, a UEPB banca todo o curso, fornecendo material, fardamento e o transporte. Uma das primeiras alunas do curso foi Valesca Amanda. Graças a sua dedicação, ela se tornou uma das professoras do ballet e, hoje, destaca a dedicação das novas bailarinas que sonham com um futuro melhor. “São todas dedicadas. O esforço delas é impressionante”, conta.
O sonho de brilhar nos palcos levou Samara Kifane, de 8 anos, a se matricular no curso. Ela está no primeiro ano e é uma das mais esforçadas da turma. Não perde uma aula e também sonha em um dia virar professora de dança. O sonho de Samara é o mesmo que um dia moveu a professora Ana Aparecida de Sousa. Ana fez parte das primeiras turmas do ballet, em 2005, e hoje é a coordenadora pedagógica do Ballet da UEPB.
Disciplina, aprendizado, consciência corporal e movimento movem o sonho das alunas do curso de Ballet. Que o diga a jovem Thaianne Rangel Agra Oliveira, 12 anos, estudante campinense que há quatro anos integra o corpo de bailarinos da Universidade Estadual e chegou a ser selecionada para integrar o Ballet Bolshoi no Brasil, a única Escola do Bolshoi fora da Rússia, que funciona em Joinville (SC), proporcionando formação e cultura por meio do ensino da dança.
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