Aos 20 anos, Catarina Martins, hoje com 28, deixou Campina Grande, na Paraíba, onde trabalhava como auxiliar de salão de beleza, para tentar mudar de vida em Salvador. Passados oitos anos, hoje ela tem uma pequena empresa de design gráfico na capital baiana e já emprega três funcionários. Neste ano, realizou o sonho de sair de uma sala comercial para abrir uma loja de rua e, com o aumento do público, a meta é crescer de 25% a 50%.
(O G1 publicou, ao longo da semana, uma série de reportagens contando histórias de sucesso de leitores, enviadas pelo VC no G1.)
“Lá não tinha condição nenhuma de sobreviver. Eu ganhava muito pouco, minha mãe estava desempregada (...). Resolvi vir para cá porque tem mais oportunidades em Salvador”, relata. A ida à capital baiana foi sua segunda tentativa para “mudar de vida”: nascida em João Pessoa, a empreendedora conta que viveu até os 14 anos na cidade de Esperança, no interior da Paraíba, com a avó, quando decidiu ir morar com a mãe em Campina Grande.
Catarina revela que precisou de bastante determinação para virar empreendedora e criar a Albatroz.
Quando chegou a Salvador, praticamente “com uma mão na frente e outra atrás”, foi morar com a única amiga que conhecia na cidade. Fez bicos em restaurantes até conseguir emprego como vendedora em uma casa de essências e matérias-primas para cosméticos. Foi lá que ela teve a ideia inicial de negócio: os produtos vinham num vidro sem rótulo, descrição ou embalagem, o que dificultava a venda, e Catarina resolveu criar rótulos no próprio computador da loja.
“Eu pensei, ‘eles não vendem mais porque não têm uma embalagem adequada’ (...). Foi uma coisa bem do nada que apareceu, às vezes eu fazia uns adesivos no próprio computador da loja mesmo, a minha chefe gostava quando eu fazia para colocar nos vidros de lá”, conta.
Em pouco tempo, a empreendedora já estava usando o computador da amiga com quem morava para criar rótulos aos fornecedores da loja. Com jeitinho, ela oferecia o serviço quando os empresários iam fazer a entrega. “Como eles eram microempreendedores, não tinham condição de mandar fazer numa gráfica 5.000 rótulos ou pagar um design para fazer (...). Eu comecei a incentivar, tinham muitos que comentavam comigo, ‘o pessoal não olha com bons olhos para o material porque não está com aparência adequada.’”
Para dar conta da produção, Catarina saía do trabalho às 18h e trabalhava até de madrugada, e ia dormir às 3h. “Eu chegava em casa [após o trabalho], comia alguma coisa, fazia os pedidos e ia levar no dia seguinte de manhã. Como foi uma coisa que eu tive que aprender sem ter explicação, sem a ajuda de ninguém, às vezes saía errado e eu tinha que fazer tudo de novo. Eu tinha que fazer várias vezes para ficar uma coisa legal”, afirma.
Quando se deu conta, Catarina não conseguia mais se ver sem a renda do trabalho adicional: na loja, eu ganhava um salário mínimo e o que recebia com os rótulos já atingia o dobro desse valor. Foi quando ela decidiu largar o emprego e se dedicar somente ao negócio. “Era muito trabalho e eu não ia dar conta. Eu não tinha como fazer as duas coisas.”Desenvolvimento
A empreendedora, que não tinha nenhum conhecimento inicial sobre design, começou a ler revistas e fazer pesquisas na internet para aprender e melhorar a produção – que era totalmente artesanal. “Sozinha me especializei, sem fazer nenhum curso (...). Sempre eu pegava um pedacinho do meu salário para fazer testes, se ia funcionar ou não. E dessa maneira eu fui garimpando uns fornecedores”.
Com o dinheiro da indenização – cerca de R$ 2 mil – investiu em um computador novo e uma impressora. Aos poucos, o negócio foi crescendo e ela saiu da casa da amiga – onde atendia a clientela na sala – e alugou uma sala comercial. Também sentiu a necessidade de contratar funcionários – atualmente são três.
Neste ano, conseguiu realizar o sonho de abrir a loja na rua. “Era o meu sonho e só consegui alugar neste ano, pois acredito que a visibilidade era o que faltava para poder me ajudar a crescer (...). Antes, não tinha como as pessoas verem meu trabalho ou ficarem sabendo se não fossem indicados. Era escondido.”
Para a empreendedora, contudo, ainda há muito para crescer. Ela pretende começar a fazer vendas pela internet, para atingir outros estados – principalmente no Nordeste. E avalia abrir uma filial no ano que vem em outro bairro da cidade. "Estou estudando a possibilidade de ampliar, colocando uma outra loja em um bairro nobre aqui de Salvador chamado Pituba, até no máximo abril de 2014."Novos produtos
Com o crescimento do negócio, Catarina ampliou o leque de produtos. “Depois que comecei a trabalhar com rótulos fiz outras clientelas. (...) A produção mensal se expandiu em diversos produtos. Tenho mais de 200 produtos personalizados.”
Entre os itens fabricados atualmente estão lembrancinhas, canecas e agenda, porta-canetas, vários tipos de caixa e de brindes. Depois que foi para a loja de rua, até cartão de visita de taxistas da região ela está fazendo. Ainda sem contador, Catarina estima que o faturamento atingiu cerca de R$ 60 mil no ano passado.
Mais para a frente, a expectativa é ampliar a empresa, ter uma gráfica e elaborar projetos de desenvolvimento de embalagens e produtos.
"Sinto que, aos poucos, vou realizando meu objetivo de ter a empresa dos meus sonhos", afima. “Eu acho que eu ainda estou no meio do caminho. Eu não me sinto ainda totalmente realizada. Ainda tem muita coisa para conseguir mas, pelas dificuldades todas que eu passei, para mim já é uma vitória ter chegado até aqui.”
G1
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