Nilcilene Pontes conta que tudo começou diante da necessidade de encontrar um lar para três meninas que ficariam sem ter onde morar após a direção do abrigo que as acolhiam anunciar que passaria apenas a cuidar de meninos. Segundo ela, a situação transformou seu desejo de ser mãe e de ajudar no embrião que daria origem ao lar Missão Restauração.
Desde 1997, quando a ONG Missão Restauração teve início, cerca de 150 meninas passaram pelos cuidados de Tia Nil, como as próprias meninas costumam chamar a coordenadora do lar abrigo. Atualmente na casa Missão Restauração, além de Nilcilene, seu marido e seus dois filhos biológicos, moram nove meninas, com idades entre 11 e 14 anos. No local elas possuem toda assistência necessária, desde cursos de capacitação, como costura e informática, a palestras sobre temas variados.“Sempre fui muito maternalista, sempre gostei de cuidar, ajudar. Eu e meu marido, que na época era meu namorado, trabalhávamos neste abrigo em que as meninas moravam. Quando notamos que elas poderiam voltar a uma situação de risco, decidimos alugar uma casa e ‘adotá-las’. A partir daí tívemos que nos regularizar e desde então já são quase 20 anos cuidando de meninas”, explicou.
Segundo Nilcilene Pontes, todos conseguem conviver em harmonia na casa, sem distinção entre os filhos biológicos e as filhas "adotivas". “Meus filhos já nasceram dentro do lar abrigo, sempre tiveram uma relação muito boa com todas as meninas que passaram por aqui. Até chegaram a ajudar um tempo, cuidando das plantas e dos animais que criamos aqui na casa”,
As meninas que são acolhidas pela Missão Restauração são sempre encaminhadas pela Vara da Infância e da Juventude de João Pessoa. Todas elas passaram por situações de abandono, abuso ou maus-tratos. Conforme relata Nilcilene Pontes, as meninas ficam no lar abrigo até conseguirem uma nova família ou serem reintegradas às antigas ao completarem 18 anos.
“Nós sempre tentamos dar o melhor encaminhamento possível a elas. Muitas são adotadas, até por famílias de outras partes do Brasil. Depois de um tempo, após irem morar com outras famílias, elas se sentem na obrigação de ligar para cá e dizer onde estão morando, de falar que está tudo bem. A gente acaba estabelecendo um vínculo que não acaba nunca”, completa Nilcilene.
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